II

A dúvida entre dizer o certo e negar a dúvida, a questionou durante anos. Aceitar, apenas aceitar e era tão difícil uma resposta tão simples. Ela sabia o que fazer. As respostas dadas ao coração cabiam na caixinha do pensamento.

I

Porque era para ser. Assim mesmo como aconteceu, com o tempo acelerado dos relógios e as imagens da memória lentas, para serem lembradas por várias vidas. Ele era simples, da simplicidade concreta e óbvia que pode ser encontrada em qualquer bairro, ou rua de uma cidadezinha do interior. Ela não, quase uma atriz de cinema antigo, percorrendo as ruas como se fossem eternas em outdoors. Ela, clara e linda. Ele, alto e poético. Parados, entre dois suspiros, ele e ela cruzaram num semáforo. Olhares, pulsos e certezas, na velocidade da luz.

todo o meio
ultrapassa o todo
mesmo antes de ser
já o é

entre a morte e a eternidade
o efêmero limiar do que já existe